A Voz de Ver

Após esta pratica intensa, tenho atingido um estado profundo de silêncio interior.

Me dei conta de estar vendo algo como energia ou luminosidade, mas não visualmente pois não há cores variadas, somente uma vibração com um mesmo tom de cor. A visão de energia é mais acentuada no escuro.

Digo energia, mas o termo é impreciso, pois não se trata de matéria, mas de consciência e Espírito.

Há uma sensação de júbilo, liberdade e poder focar a atenção em qualquer coisa da realidade que deseje e saber, descobrir o significado mais profundo, conhecer o que a coisa é, mas não como um conceito, e sim de modo dinâmico, como um processo que não perde sua tensão.

Na ausência de um termo mais adequado, é como se uma voz me explicasse o que estou vendo, similar a meus próprios pensamentos mas como se não fosse meu eu comum de todos os dias, um Eu mais profundo e permanente que ao mesmo tempo é mais fluido e livre, cheio de clareza. ‎

Por estranho que pareça é como se fosse uma voz muda. Um saber além das palavras. Ou como se cada percepção fosse equivalente a várias sentenças inteiras em um único bloco.

A voz me diz que é impossível manter este estado continuamente pois o mesmo depende do Espírito.

É o Espírito que se abre a nós por sua própria vontade. Só podemos praticar ou orar, na esperança que ele abra a porta novamente mas isto não depende inteiramente da nossa vontade individual.

Que minha alma e meu corpo físico já estão fundidos, mas que minha incapacidade de ver com mais consistência se deve a que o Espírito se fecha, e nem sempre está disponível.

É natural que seja assim, e então depois de algum tempo voltamos a mesma confusão mental a que estamos habituados.

Que este estado de ser será mais facilmente alcançado conforme ajustar meu modo de vida, através de uma vida impecável, então há a esperança de que a abertura para o Espírito agir em e através de mim será mais constante.

Neste estado pude ver meu próprio espírito, e sem me concentrar em algum ente ou assunto específico poderia permanecer na pura consciência, era como se todas as emanações do meu ser fossem aos poucos se tornando auto-conscientes, então me aproximava da totalidade de mim mesmo.

Depois de algum tempo alguma dúvida se apresentava. Não como dúvida de fato, mas por causa da maravilha que estava sentindo, junto com minha vontade de tentar explicar e ajudar outras pessoas, e não encontrar as palavras exatas.

A voz do meu eu profundo me diz que é impossível explicar tudo de maneira exata, mas somente falar de modo paradoxal, usando imagens, parábolas, e esperar que através da prática elas próprias tenham uma experiência semelhante.

continua...

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Foto por Peter Canellov.

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Data da Atividade: 16/07/2023
Contagem da atividade: 10134
Tipo de atividade: caminhada

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